11 dezembro 2005

Ocaso


Cai a noite, cai a semana, cai a vida
Caio eu
Quero a referência que traga novo chão aos meus pés
Quero a deferência que traga nova direção aos meus passos
Quero a indiferença que traga novas mãos aos meus braços
Quero a inocência que permita aos meus dias nascerem puros de novo

Onde ficaram meus planos ?
Onde queimaram meus mapas ?
Onde secaram meu sono ?
Onde atearam meu fogo ?
Onde...onde ?

Onde deixaram meu siso ?
Onde roubaram meu riso ?
Onde acertaram meu tiro ?
Onde me deram retiro ?
Onde me enterram ainda vivo ?
Onde ?...Onde ?

Onde me fazem de tolo ?
Onde me ferem com dolo ?
Onde me mostram consolo ?
Onde me seguem, onde me pedem ?
Onde me impedem, onde me impelem ?
Onde ?...Onde ?

Meus abismos se fecham sobre mim
meus caminhos estão todos sem fim
meus meninos morreram em mim
meus meninos pereceram no veneno de mim

Meu desejo me alimentou
meu desejo me sustentou
meu desejo me viciou
meu desejo me lacerou
meu desejo me matou, e se matou também

Agora preciso morrer
agora preciso deixar-me ir
agora preciso da dor
agora preciso da cor
agora mais do que nunca.
Agora preciso de coragem
agora preciso de coragem
agora preciso de coragem
agora preciso de coragem
agora preciso

A rebeldia fez de mim alguém diferente
a persistência pôs a minha estrada à frente
a leniência me fez um alvo inocente
e a paciência me sufocou lentamente

Assim caí
assim fiquei
assim aprendi que a morte é necessária
assim aprendi que a sorte é temporária
assim aprendi que a vida é solitária
assim aprendi que a história é traiçoeira
assim aprendi a cair
assim aprendi a sangrar
assim aprendi a chorar

e o gosto de sal na minha boca
me trouxe as certeza de que eu retornaria
como o sol que comigo descia
como o mar que comigo dormia
como o par... que comigo paria.

11/12/2005

Um comentário:

Paulo Lima disse...

E aí Traficantes!!? Porra sou fan de vocês, vamo postar alguma coisa que eu já to com crise de abstinência hehehehe Abraço!