Como é possível
encarar de frente
alguma coisa rara,
cada vez vez mais frequente?
Como é possível
dizer pra gente
que um grave acidente
não passou de azar?
Levantam-se os olhos
dos que ainda existem;
são tão poucas lágrimas que caem,
que caem e resistem.
Fontes de radiação
nos levam a crerque há uma noção
de existência na terra
rompendo-se ao amanhecer.
Estão nos destruindo,
quem é que vai ligar?
Estão nos enganando,
em que poder acreditar?
Levantam-se os olhos
dos que ainda existem;
são tão poucas lágrimas
que caem, que caem e reistem.
A que ponto chegamos?
Em que ponto vamos parar?
Quando estaremos prontos
pra deixar isso passar?
Primeiro o calor
(antes da dor),
depois o silêncio,
nunca o amor.
Que mais vai ser?
1985
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