11 agosto 2005

Tão poucas lágrimas


Como é possível
encarar de frente
alguma coisa rara,
cada vez vez mais frequente?

Como é possível
dizer pra gente
que um grave acidente
não passou de azar?

Levantam-se os olhos
dos que ainda existem;
são tão poucas lágrimas que caem,
que caem e resistem.

Fontes de radiação
nos levam a crer
que há uma noção
de existência na terra
rompendo-se ao amanhecer.

Estão nos destruindo,
quem é que vai ligar?
Estão nos enganando,
em que poder acreditar?

Levantam-se os olhos
dos que ainda existem;
são tão poucas lágrimas
que caem, que caem e reistem.

A que ponto chegamos?
Em que ponto vamos parar?
Quando estaremos prontos
pra deixar isso passar?

Primeiro o calor
(antes da dor),
depois o silêncio,
nunca o amor.

Que mais vai ser?

1985

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