11 setembro 2005

Traficantes de ilusão



Não há antídoto contra o abandono:
monóxido de carbono,
tóxicos que dão sono,
papel carbono demais...
e todas as noites são iguais.

Uma tentação afrodisíaca,
uma obsessão hipocondríaca:
revelar nas fotografias
um fato marcante em nossas biografias.

Pelos sonhos,
a realidade deve pagar;
sermos realistas,
não nos impede de sonhar
e arrastar frustrações,
descartar intromissões,
desacatar imposições,
acatar sensações,
catar restos doidos de paixão
com gestos doídos de compaixão
para com a última namorada,
destilar qualquer emoção
e traficar ilusão na madrugada,
essa dama drogada de solidão.

1991

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