11 setembro 2005

Abrindo o jogo

Amamos os rótulos
e desprezamos os conteúdos,
criticamos os fatos
e invejamos as ações,
fugimos das regras
e não somos exceções.

Nossa culpa é superficial
a desculpa artificial;
as virtudes escapistas
e a alienação total.

Naturalizamos o industrial
e industrializamos o natural;
da tragédia, fazemos a comédia
de chorar por não poder rir
e por nao termos para onde ir,
nos aventuramos no precipício,
sem paraquédas, bem no princípio,
mas era tão raso o abismo,
que no fundo reconhecemos
que adolescemos e adoecemos por isso.

A lição não será ensinada,
pois ainda não foi aprendida,
e se o nosso grito é nulo,
quem dirá ao mundo que somos jovens
sem forças para nada e tempo para tudo?

Perdemos as rédeas,
descemos o chicote
e perdemos o páreo,
mesmo acelerando o trote.

O amanhã é o mesmo de ontem
e será o mesmo amanhã de manhã.

1986

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