11 outubro 2005

Sobre a condição humana


Na ponte amena
do coração travesso,
dá-se o tropeço da densa poesia
na fronteira fria
do amor pretenso.

Sem pulso forte,
o impulso sofre,
sem êxito, hesita
e abandonado, sente
nos olhos o calor
de uma lágrima ausente.

E o próximo passo,
se faz inseguro:
há um retalho rasgado
sobre um talho profundo,
um grito estendido
ao dia-a-dia noturno,
um gesto suicida
no sonho frustrado,
uma falta preferida
ao suplente marcado,
uma dívida crescente
no presente a ser pago,
um instante definido
por momento mágico
e o início difícil
de um desfecho trágico.

E o último fracasso
que o destino traça,
não tem entrada,
não tem saída,
é a linha de chegada
e o ponto de partida.
1990

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