30 janeiro 2006

Chamado


Claro que eu sinto muito!!!!
Lamento todo o sofrimento que se criou
Aguento firme...pois é o mínimo que eu devo nessa situação
Um dia espero te ter por perto de novo
Dividindo um pouco desse teu mundo maravilhoso
Inundando meus dias com a tua serenidade
Amarrando meu velho barco...no teu porto seguro

Remos....ficaram pelo caminho
Ondas...me levam para um destino que eu desconheço
Zombando da minha falta de direção

Calma, serena, traquila
Lúcida...mas leve
Árida...mas só na superfície
Uma pessoa definitiva
Definitivamente especial pra mim
Imã que desorienta todos os meus sentidos
Astro que ofusca meu espaço

Refém eu fico, refém me encontro
Onde quer que eu ande, onde que eu eu vá
Zéfiro...teu cheiro me alcança até em sonho

Comedida em cada passo
Leve como a vida deve ser
Amante da discrição
Ubiqua
Dança uma música que só eu ouço
Inverte a minha percepção de vida
Acorda meus mais remotos sentimentos

Realiza até meus desejos mais secretos
Olha por mim a cada passo...e me passa
Zunindo com sua luz e energia

Choro que não rola de mim
Luto que me sufoca
Amizade que me falta e me esvazia
Ulcerando meu dia e agitando meu sono
Deixa eu fingir que ainda te tenho aqui
Iludindo o que me queima de saudade
Acalmando o que me inunda de ansiedade

Ri de mim porque sou fraco
Ora por mim...pois continuo
Zanzando em devaneios pra te definir

Ainda que eu não consiga entender os caminhos de hoje
Ultrapasso meus limites pra ficar longe de ti
Receando estar do lado errado...às vezes
Outras...com a certeza de te libertar para vôos mais altos

17 janeiro 2006

Homem médio


Homem-massa, homem-rebanho, servo das pequenas virtudes, homúnculo incorrigível: simula de grande homem, mas só atinge a média pré-estabelecida.

Homem médio, minúsculo homem médio, poço imundo de tédio, pesado anão: não é a altura que fortalece, é a queda que só o declive pode proporcionar.

Inofensivo predador, selvagem animal de estimação: afie suas guerras! Você pode ter que dar a pata, se não quiser estender a mão!

Humanidade domesticada: chora o seu destino.

Esta terra é um vale de lágrimas a escorrer. ..

18/01/2006

05 janeiro 2006

Sentidos tortos


Volto à caverna
sem ter tido o tamanho do meu silêncio
Volto à caserna
sem ter comigo a lembrança da minha guerra
Volto ao umbigo
sem ruído...sem ter visto a luz
sem ter lido a sentença do meu destino
sem ter na carne a chaga do meu martírio
sem ter na face a sina do meu menino.

Mas afinal...quem sou eu?
o que fui não me pertence
o que ruí não me alcança
o que vem não me toca
o que vai, vai sem troca
o que cai não me choca
nada mais me abala
ninguém mais me fala
nem tampouco importa.

Sou um buraco que eu mesmo fiz
sou um retrato que nada diz
sou um processo, que por um triz
ficou sem terra, ficou sem giz
tomou o inferno por seu país
e fez da saudade uma meretriz
pra em sua alcova se divertir
e na nostalgia poder dormir
e nessa orgia se distrair
e nesse dia se convencer
sem alegria, sem padecer
sem gritaria, sem alarde
sem putaria, sempre covarde
sempre de dia, sempre à tarde
sempre sem rumo, sempre sem arte.

Torto,
sem ruído,
sem ser notado,
sem ser vivido,
sem ser visto,
sem sentido.

06/01/06