09 março 2006

Epílogo


Mais uma página se apaga na areia
o vento traz novos rumos
o tempo faz novos elos
a agua leva os farelos

O silêncio é novo para quem ouve
as cinzas ficam inertes
os ombros ficam mais leves
os dois finais se encontram no tempo e no espaço

Quem estaria presente se houvesse amanhecer?

Ao contrário de tudo o que se viu
os signficados já eram maduros
e os sinais foram traiçoeiros desde o início
Quais seríam as evidências da mudança
se o desespero não forçasse os rumos?

E o limite foi além da resistência
em águas revoltas
em barcos instáveis
em almas vulneráveis

E as bandeiras ficaram rasgadas
e os rostos se mostraram
e as maneiras traíram
e as fraquezas ressurgiram
e sobrepujaram o belo
e desafiaram o que era esperado

Já vi castelos ruírem
já vi gigantes sucumbirem
já vi a tristeza
já vi a cicatriz latente
ja fiz o corte
já duvidei da sorte

Se os temas pudessem ser escolhidos
se os lemas fossem seguidos
se os poemas soprassem nos meus ouvidos
então a morte seria breve
mas os abismos não
e o meu galope seria leve
e o ceticismo um dom

Enquanto houver vida haverá talvez
pois as portas permanecem fechadas
e a repetição absolve culpa das nossas derrotas
Enquanto houver sonho havera nudez
pois mesmo envoltos em nossas fachadas
o desalento salta aos olhos
e torna patente a desolação

Não é a profundidade que traz o encanto
nem mesmo a sorte
nem mesmo a rigidez que torna santo
não é a dor
nem mesmo a dor
que põe no olhar um sentido próprio
Sejamos plácidos
Sejamos práticos
Sejamos lúcidos

Se o sentido fica vago ou mesmo ausente
é na estética que me apoio pra seguir em frente
sem rumo e sem rima
sem prumo e sem sina
puro, sem preocupações
completo, sem abreviações
discreto por opção
mas sem dividas e sem perdões
sem dúvidas e sem sermões
contraditório, sempre
explícito, para quem pode ver
solícito, mas sem parecer
ilícito.

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