26 fevereiro 2006

Diálogos: de irmão para irmão


Não te desejo a sorte...apenas lucidez

23 fevereiro 2006

Retrocesso (sem pontas nem pontos)


Sonhos desagregados e a realidade insana e pagã
Homens desfigurados vivendo a utopia de ser o amanhã

E os mundos e os curdos e os mudos
e os tudos e nadas
e as fadas e as cartas trocadas nos jogos
nas idas mais voltas nas vidas revoltas
e o velho mais novo e a gente mais povo
e o povo que o diga cansado de ovo
Que ovo
Colombo quilombo que assombro
eu me encontro sozinho calado no ninho
pensando chorando gritando baixinho
mas como se é alto o barulho de um grito
o efeito do mito
e é bom que se diga que eu sempre critico
eu te sigo e te minto eu te agrido e te imito
e retorna ao umbigo a criança a mãe
a aliança o noivado o namoro
algum tom de esperança e com som de vingança e rancor

Nos cantos dos quartos os santos
nas vozes os prantos nos cortes as cores
nas mortes as dores na fronte os temores
no riso o que fores sem por sem tirar

Na busca a promessa na estrada o castigo
nos olhos o fogo na alma a ferida
no sexo a medida do pouco que vales
no corpo o reflexo dos próprios pesares

No peito o tormento na boca um lamento
no sono o teu rosto no colo o teu gosto
no tempo um remédio na vida só o tédio

Saudade sentença de vida
sem mão sem ferida sem pão
sem comida sem chão sem saída
nem vão
nem tem vindo ilusão

De cama já basta a dormida na noite passada
De chama já basta o teu nome que eu chamo pra nada
De lama so resta o futuro
e há quem diga que eu jure que vive num muro
E se vive eu te juro
eu não sei se é seguro

O fato é que a gente não paga
E de longe a rotina é que faz nossa estrada

E as Anas sensatas e as Bias beatas
mas mesmo assim chatas
as damas
as damas
que o tempo consome num par de semanas

Sonhos que devem vingar
Bocas que devem tocar
Vidas que eu tento criar
nos lábios que eu tanto desejo e não ouso beijar
Mas sei que fui eu quem ficou
Me sinto atrasado
pois fui passageiro de um trem que jamais passou
Estou arrasado
aquele tempo que mal começara acabou

16 fevereiro 2006

Vácuo


Como os versos nos fogem dos dedos
Roubam nossas mais leves melodias
Levam embora a sílaba que nos deixa com a boca semi-aberta
Entoando uma lágrima que nem nasce e nem rola
Apenas salga e mareia a visão
Na medida exata da angústia...ou talvez da solidão
No vazio opaco do vácuo...ou talvez na escuridão
No silêncio roubado da vida...ou talvez do teu perdão

Chora enquanto pode
A vertigem secará teu coração.